O chão, de rocha molhada e escorregadia, recomendava toda a prudência. Avançavam, pois, muito lentamente e sem trocar uma palavra, emocionados por se aventurarem pelo interior do maciço de granito, tão velho como a própria ilha... Teriam descido cerca de trinta metros, quando lhes chegaram aos ouvidos sons vindos lá do fundo.
- É o Top a ladrar! - exclamou Harbert.
- É mesmo! - disse Pencroff. - E parece que está zangado.
- Em frente, meus amigos! Não larguem os paus ferrados! - comandou Cyrus Smith.
Os latidos do cão, cada vez mais nítidos, exprimiam uma estranha raiva. Dominados pela curiosidade e sem cuidar nos perigos que podiam correr, os cinco homens deixavam-se praticamente escorregar pelo túnel, até que, de repente, a passagem alargou e desembocaram todos numa vasta caverna.
Ali estava o Top a correr de um lado para o outro e a ladrar furiosamente. Nab e Pencroff agitaram os archotes bem alto e em todas as direcções, enquanto Cyrus Smith, Gedeão Spilett e o jovem Harbert se mantinham atentos, empunhando os varapaus e prontos para qualquer eventualidade. Mas a enorme caverna estava vazia! Não havia sinais de outro ser vivo para além dos colonos e do cão, que, entretanto, continuava na maior agitação.
- É forçoso que haja por aqui uma saída qualquer das águas para o mar... - murmurou o engenheiro.
- Realmente - acrescentou o marinheiro -, e todo o cuidado é pouco, não caiamos nós nalgum buraco!
- Anda, Top! Busca! - gritou Cyrus Smith.
O cão, excitado com a voz do dono, correu para o extremo da caverna e pôs-se a ladrar ainda com mais força. Seguiram-no os colonos e foi então que, à luz dos archotes, descobriram a boca de um poço. Sem demora, Smith arrancou um galho aceso de um dos archotes e lançou-o no abismo.