A Ilha Misteriosa - Cap. 9: CAPÍTULO IX Pág. 52 / 186

Minutos depois, a chama extinguiu-se lá no fundo com um leve crepitar, indicando que o galho atingira uma camada de água, isto é, o nível do mar. Calculando o tempo gasto na queda, o engenheiro concluiu que o mar se encontrava a cerca de trinta metros abaixo do nível da caverna e observou:

- Já temos casa!

Os desejos dos colonos estavam, assim, em grande parte realizados, graças ao acaso e à sagacidade do chefe. A partir de agora, dispunham de um abrigo seguro e suficientemente amplo para ser dividido, com paredes de tijolo, em diversos compartimentos. As águas do lago, que dantes atravessavam a caverna, não mais voltariam... O lugar estava livre! Contudo, duas questões importantes ficavam por resolver: a primeira era a iluminação natural da futura morada; a segunda prendia-se com a dificuldade de acesso pelo túnel do lago.

Ora, durante a descida, o engenheiro notara que a parede anterior do escoadouro não era tão espessa quanto as outras, o que o levava a encarar a possibilidade de se abrirem ali uma porta e janelas, bem como de se instalar uma escada exterior.

Destas ideias se apressou a dar conta aos companheiros.

- Mãos à obra, senhor Cyrus! - respondeu logo Pencroff.

- A picareta já aqui está! Por onde começamos?

E, cheio de entusiasmo, atacou o granito no local indicado pelo engenheiro. Durante duas horas, o penedo faiscou aos golpes do picão empunhado pelo marinheiro, que, de tempos a tempos, era rendido por Nab e pelo repórter. E tão bem trabalharam os nossos amigos, que ao cabo desse tempo a parede cedeu e a picareta, com o impulso, caiu para o exterior!

- Viva! Viva! e mais "vivas"! - gritou Pencroff.

Cyrus Smith espreitou pela abertura. Lá em baixo, a uns vinte ou trinta metros, ficava a praia e, logo adiante, o ilhéu; depois, era o mar imenso a perder de vista.





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