A Ilha Misteriosa - Cap. 10: CAPÍTULO X Pág. 55 / 186

Lugar é que não faltava para acomodar tudo e todos! Adoptado este plano, restava dar-lhe execução, a começar pela escada exterior. Com efeito, a entrada pelo escoadouro do lago obrigava os nossos colonos a uma grande volta e, consequentemente, a fadigas e perdas de tempo desnecessárias. Assim se fez, e alguns dias depois, a escada da Casa de Granito estava pronta, tão sólida e resistente como o mais forte cabo. Na verdade, não era uma única escada, mas sim duas, porque, a fim de tornar a subida mais fácil, o engenheiro resolvera fazer uma espécie de patamar numa saliência natural situada a meia altura da fachada rochosa. Desse modo, havia uma escada da porta ao patamar e outra dali até à praia. Os montantes, ou seja, os suportes laterais, foram cuidadosamente confeccionados com fibras de uma espécie botânica da família dos juncos, solidamente atadas e entrelaçadas com a ajuda de um sarilho, enquanto os degraus, habilmente aparelhados por Pencroff, eram de madeira de cedro vermelho, muito leve e resistente.

Aproveitando as fibras vegetais teceram-se mais cordas para instalar um guindaste que, embora grosseiro, permitia içar os tijolos e outros materiais até ao nível da entrada, situada a uns vinte e cinco metros acima do solo. De resto, a ideia do engenheiro Smith era montar, mais tarde, um elevador hidráulico.

Os nossos homens habituaram-se rapidamente a utilizar as escadas de corda, mas tal exercício apresentava sérias dificuldades para um cão. Foi Pencroff que, com infinita paciência, ensinou Top a conseguir a proeza, digna dos seus congéneres do circo! Enfim, a 28 de Maio, o acesso exterior estava definitivamente instalado, dando-se início ao arranjo interior da Casa de Granito. E em boa hora, diga-se de passagem, que a estação invernosa já se fazia sentir! As obras interiores ocuparam todo o mês que se seguiu.





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