A pequena colónia trabalhou dias a fio com entusiasmo e afinco, e também, porque não dizê-lo, alegria, graças ao sempre presente e contagiante bom-humor de Pencroff. O projecto do engenheiro Smith foi seguido à risca e, nos finais de Junho, a Casa de Granito estava dividida em quartos com janelas para o mar, cozinha, salas de jantar e de estudo, despensas, arrecadação e oficina.
Mal os trabalhos de pedreiro ficaram concluídos, Cyrus Smith decidiu que, por questões de segurança, se tapasse definitivamente o orifício do antigo escoadouro do lago. A entrada do túnel foi, então, oculta com pedregulhos depois cobertos com ervas e ramagens. Antes, porém, e a pensar no abastecimento de água potável à Casa de Granito, abriram uma pequena abertura na parede do escoadouro abaixo da superfície do lago, o que garantiu o caudal suficiente para as necessidades do dia-a-dia.
Com as obras principais terminadas e o aparecimento das primeiras tempestades de Inverno, os colonos puderam apreciar devidamente os confortos e as vantagens da nova morada, em contraste com as precárias condições das Chaminés. Mas nem tudo estava pronto! Apesar das chuvadas e do frio cada vez mais intenso, havia ainda outras tarefas a cumprir, de importância vital para todos. Grandes carregamentos de lenha e de carvão foram içados para a Casa de Granito e acomodados na arrecadação; ao mesmo tempo, Gedeão Spilett e Harbert, que nunca tinham deixado de trazer diariamente a carne fresca destinada às refeições dos colonos, passavam agora a maior parte do tempo em excursões de caça e pesca pelos arredores, encarregando-se Nab de salgar ou de pôr ao fumeiro essas provisões de carne e peixe para o Inverno.
Um dia, numa dessas saídas, em vez da habitual caça aos javalis e porcos-do-mato na floresta à beira do rio, o repórter e o rapaz resolveram dirigir-se para as bandas da margem sudoeste do lago.