A Rosa do Adro - Cap. 12: CAPÍTULO 12 Pág. 106 / 202

- É extrema bondade, minha senhora.

- Ora escute-me por um pouco. Antes de eu penetrar o segredo destes amores, havia um objeto que me trazia frequentemente sobressaltada e abstraída: era a futura segurança e felicidade da minha filha. Via de hora para hora os anos arrastarem-me para o fim da vida e antevia os perigos de deixar a minha Deolinda só no mundo, sem um parente nem um amigo, exposta às mil vicissitudes da existência. Fazê-la entrar num convento era resolução que eu nunca tomaria, porque detesto a morte do coração entre as paredes de um claustro e não queria por essa forma sacrificar a vida e a felicidade da minha filha na fase mais risonha da sua existência. Entregá-la como esposa nos braços de um homem por quem ela nunca sentisse a mais leve afeição, pior ainda, porque era fazê-la passar por torturas bem mais cruéis do que a reclusão num a cela; além disso, é esta casa apenas frequentada por pessoas idosas, e nunca viera aqui uma única capaz de fazer pulsar o coração juvenil da minha filha, a não ser o Sr. Fernando. Mas podia eu saber se eram indiferentes um ao outro ou se se amavam em segredo? Um dia o acaso veio esclarecer-me a este respeito e descobri que ambos se queriam extremosamente. Confesso-lhe que me senti então livre de um grande peso, porque encontrara um marido para a minha filha, um marido que ela amava e que era digno da sua mão...

- Sra. baronesa... - interrompeu o rapaz, comovido.

- Vamos, não me interrompa. Admira-se talvez da franqueza com que lhe falo, não é verdade? Mas que quer?... Nós outras, as mães, somos loucas pela felicidade das filhas que estremecemos O Sr. Fernando é um excelente rapaz, bem-comportado e de boas qualidades; está em vésperas de obter uma posição nobre na sociedade.





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