A Rosa do Adro - Cap. 13: CAPÍTULO 13 Pág. 122 / 202

- Diz: que ias tu fazer a estas horas, só, por esses caminhos desertos?

Rosa não respondeu; a voz sufocara-se-lhe na garganta, e nem sequer podia proferir uma palavra para se justificar.

- Ora vamos, minha pobre Rosa: fala com franqueza e nada receies; em mim não tens presentemente senão um amigo, um homem que não tem deixado um só momento de velar pelo teu futuro e pela tua felicidade. Responde: tu saías com intenção de ir procurar Fernando ao Porto, não é verdade?

- António!.... - exclamou ela surpreendida.

- Não tentes negar coisa alguma, porque eu sei tudo!

- Sabes tudo!

- Sim: sei que, apesar da indiferença que mostravam publicamente um pelo outro, nunca deixaram de corresponder-se secretamente; sei que as vossas entrevistas tinham lugar todas as noites no quintal da tua casa; sei que depois da partida de Fernando vos tendes correspondido; e sei finalmente que há perto de dois meses não tens recebido carta dele, apesar de lhe teres escrito sempre.

- E não sabes mais nada? - interrogou a rapariga, torturada por horrível pressentimento.

- Infelizmente sei mais alguma coisa! - E, como se temesse que o ar lhe levasse as palavras, aproximou-se de Rosa e segredou-lhe ao ouvido algumas frases.

Ao ouvi-las, a pobre jovem soltou um pequeno grito, recuou alguns passos como assombrada, e viu-se de novo obrigada a amparar-se à parede para não cair.

- Não te assustes - continuou António, um pouco comovido -; é um segredo só meu e que morrerá comigo na sepultura; juro-te pelo que há de mais sagrado nesta vida.

- Ah! António, quanto sou desditosa! - exclamou a jovem com a voz entrecortada pelos soluços. - Mas como pudeste saber tudo isso?

- Muito facilmente. Ouve: depois que tu e Fernando tentaram fazer





Os capítulos deste livro