A Rosa do Adro - Cap. 13: CAPÍTULO 13 Pág. 124 / 202

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Caprichos de um coração repudiado. É pois para atingir esse único fim que tenho trabalhado incessantemente, sem um só momento de descanso, redobrando os cuidados depois que esse homem te roubou a pérola mais preciosa da tua coroa virginal. Quanto à minha aparição instantânea neste lugar, eu ta explico. Logo que o Sr. Fernando regressou ao Porto, procurei indagar se vos correspondíeis, e isso foi-me fácil saber pelo próprio portador das cartas, o jovem do abade, a quem um dia substitui no exercício das suas funções, vendo nessa ocasião uma carta sobrescrita para ti. Pela letra conheci logo a sua procedência e desde esse dia procurei saber quantas cartas recebias e quantas mandavas para o Porto, tendo para isso continuado a substituir por muitas vezes o verdadeiro portador delas, a quem eu me oferecia, entregando-lhe toda a correspondência logo que regressava da estação do correio, não havendo, por isso, da tua parte a mais pequena desconfiança. Foi por esta forma que soube da interrupção das cartas de Fernando, apesar de as tuas não terem cessado de lhe ser remetidas todas as semanas, e por aí calculei os motivos que se dariam para isso. Principiavam a realizar-se as minhas tristes predições.

Em vista disto, temi desde então que, levada por um excesso de cegueira, te esquecesses dos teus deveres e te abalançasses a fugir de casa para ires ao Porto procurar o teu amante. Não me enganei ainda nas minhas suposições.

Depois de uma série de pesquisas e de passar noites e noites escondido nos bosques para te vigiar os passos, eis que tentavas hoje pôr em prática o que eu tinha previsto, quando te apareci, como por milagre, a impedir-te o caminho e evitando o erro de tal procedimento que mais depressa descobriria a tua falta e te perderia no conceito de toda a gente.





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