A Rosa do Adro - Cap. 13: CAPÍTULO 13 Pág. 131 / 202

Fernando continuou:

- Não podes tornar-te minha esposa, Rosa, não porque sejas indigna da minha mão e do meu nome, não porque não encontre em ti as qualidades necessárias para me fazeres feliz, mas porque, antes de travarmos estas relações, já existia um compromisso, uma espécie de pacto entre mim e D. Deolinda, pacto esse que ainda há poucos dias foi autorizado e corroborado pela baronesa. Se for a comparar a igualdade do amor que nutro por ti e por ela, a diferença seria bem maior ao teu respeito, com franqueza o digo. Não nego, contudo, que tenho alguma afeição à filha da baronesa, mas acima de tudo isto está a minha palavra e a minha dignidade de cavalheiro perante a sociedade.

Um sorriso amargo passou pelas faces da rapariga, ouvindo estas últimas palavras, e exclamou depois com desdém:

- Palavra!... Dignidade!... E não terei eu porventura também o direito de perguntar-lhe pelos seus juramentos e pelo cumprimento das suas promessas?

- Tens razão, Rosa, mas existe aí uma diferença bem sensível: é que as nossas relações têm sido tão secretas, tão ignoradas, que, dado o caso de eu não cumprir a minha palavra para contigo, o mundo nada me lançaria em rosto, enquanto que com D. Deolinda dá-se muito o contrário.

- São realmente convincentes as suas razões, Sr. Fernando! Oh! mas eu nada mais necessito ouvir. Está tudo terminado entre nós, não é verdade? Pois bem, seja feliz: case com quem lhe aprouver, porque eu não o impedirei nos seus desígnios. Oxalá que os remorsos não lhe martirizem um dia a existência.

- Espera, Rosa: conheço que sou culpado, mas ainda assim não me condenes tão injustamente; é verdade que vou desposar outra mulher, porque a força das circunstâncias a isso me obriga, mas, apesar disso, o meu coração não deixará nunca de pulsar por ti, e, se queres uma prova convincente do que afirmo, poderei dar-ta compartilhando contigo o melhor dos meus afetos.





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