A Rosa do Adro - Cap. 4: CAPÍTULO 4 Pág. 18 / 202

- Não sei como pagar-lhe tantos sacrifícios, Sr. Fernandinho.

- É bem fácil satisfazeres o teu desejo. Deveras queres recompensar-me?

- Decerto, mas infelizmente não vejo com quê.

- Vejo eu...

- Oh! então peça; se for coisa que só dependa de mim...

- Olha, Rosa, dá-me o teu coração, a tua vida, e eu ficarei bem recompensado - exclamou o jovem em tom apaixonado.

- Não brinque com essas coisas, Sr. Fernandinho - respondeu a rapariga, tristemente.

Momentos depois, Fernando parava em frente da janela onde estava Rosa, e levava jovialmente a mão ao seu largo chapéu, acompanhando este movimento com as palavras:

- Boas-tardes, branca Rosa...

- Deus lhe dê as mesmas, Sr. Fernandinho - respondeu ela, ainda um pouco comovida.

- Tua avó ralhou-te ontem à noite pela minha causa? - Continuou ele.

- Nada, Sr. Fernandinho, não me disse a mínima coisa, e até me parece que não soube que o senhor esteve aqui.

- Ainda bem; ser-me-ia de bastante pesar se sofresses o mais leve desgosto pela minha causa.

- Olhe, Sr. Fernandinho, tenho aqui uma coisa para lhe dar; é a paga do seu presente de ontem. Uma recompensa bem insignificante, não é verdade?... Mas eu não tenho outra melhor - e, dizendo isto, entregou ao mancebo o ramalhete que pela manhã tinha colhido.

Fernando olhou-o por um momento, levou-o aos lábios e exclamou:

- É muito lindo este ramo e estimo-o por vir das tuas mãos... Ah, mas ainda assim não é com flores que se retribuem paixões!

A jovem corou levemente, mas, fingindo não perceber o sentido daquelas palavras, encaminhou a conversa para assuntos estranhos.

Depois de um curto diálogo, Fernando retirou-se, continuando o seu passeio.

Ao fim da tarde, quando voltava, notou com desgosto que a janela da casa estava fechada e que Rosa não se achava, como na tarde antecedente, encostada à ombreira da porta.





Os capítulos deste livro