A Rosa do Adro - Cap. 5: CAPÍTULO 5 Pág. 26 / 202

Diz-me, querida filha: tu amas-me?... Tu queres-me muito?

Estas palavras, proferidas com uma suprema ternura, acabaram de render a pobre jovem que, por entre contínuos soluços, exclamou fora de si:

- Se o amo, meu Deus!... se lhe quero!... Amo-o, sim; amo-o como nunca amei neste mundo e quero-lhe mais que à minha própria vida! Nunca senti os enlevos que neste momento me extasiam o coração. Como é belo o amor!... Diga-me, Fernandinho, repita-me muitas vezes que me ama também, ainda que eu creia impossível que sinta no coração quanto eu sinto...

E a desvairada rapariga, sem a consciência do que fazia, deixou pender a cabeça sobre o peito de Fernando, ocultando nele as lágrimas incessantes que lhe resvalavam dos olhos.

O jovem estudante, também louco de felicidade, comprimiu ao seio aquele corpo flexível e delicado que se lhe abandonava, e exclamou com voz que bem demonstrava os transportes que lhe iam na alma:

- Agora, sim, meu anjo, agora vejo quanto amor há nesse peito; já me não resta a mais pequena dúvida... Sei que me amas e é isso o bastante para que a minha felicidade seja completa. Rosa, filha da minha alma, ergue esse rosto, deixa-me admirar bem de perto todos os encantos que o enfeitiçam... Como és linda, querida!... Como te ficam bem essas lágrimas no aveludado das faces!... E dizias que não eras digna do meu amor!... Pobre louca!... Pois quem há aí que possa resistir a tantas graças, e que não fique fascinado ao contemplar-te?...

E, proferindo estas palavras, o apaixonado jovem erguia entre as mãos a cabeça da vencida rapariga, e, enlevado em muda contemplação, ora lhe enxugava as lágrimas que se deslizavam dos olhos languidamente amortecidos, ora lhe afagava o rosto, ora lhe anediava os louros cabelos que em desalinhadas madeixas lhe caíam sobre os ombros.





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