A Rosa do Adro - Cap. 6: CAPÍTULO 6 Pág. 40 / 202

Chegaria, porém, a odiá-lo de morte, se... (Interrompeu-se para lançar um olhar de mágoa para a pobre rapariga, que no meio deste diálogo se conservava opressa e receosa, esperando com viva ansiedade o final dele.)

- Se as suas intenções, Sr. Fernando, fossem menos puras e se o seu amor se tornasse a causa da infelicidade deste pobre anjo!

- Ah, se são esses os teus receios, então alimento desde já a certeza de que terei em ti o meu melhor amigo, não é assim?

- Quem sabe?...

- E porque não? Acaso duvidas de que eu seja capaz de fazer a felicidade desta rapariga?

- Duvido.

- Duvidas?! E porquê?

- Porque... porque o senhor nunca lhe dará o nome de esposa.

- Cautela, António! Olha que me ofendes com os teus loucos preconceitos.

- Ofendi-o?! Não o julgava... É verdade que há coisas que custam sempre a ouvir; receou talvez que as minhas palavras fossem frustrar todos os seus planos. Ah, sossegue, tal não há de suceder. Rosa ama-o demasiado para que o seu amor se abale com estas minhas tolices, como talvez o senhor lhes chame.

- É de mais! Emprazo-te para que declares imediatamente o verdadeiro sentido das tuas palavras! - E, dizendo isto, o jovem sentia afluir-lhe todo o sangue ao cérebro, começando a experimentar a falta de serenidade que conservara até ali.

António, pelo contrário, conservava-se impassível e sereno, brincando-lhe apenas nos lábios um sorriso irónico e quase provocador.

- Pois bem! - exclamou ele - Já que assim o quer, sejam;' francos. O Sr. Fernando tem um único ponto de vista neste amor; conseguiu já bastante, isto é, fazer-se amar ardentemente por esta rapariga: foi o mais difícil; agora o resto, o mais fácil, é abusar do seu afeto e da sua inexperiência para a lançar no caminho da desgraça, roubando-lhe o mais precioso dote - a honra! - Está agora satisfeito?

A esta nova provocação, Fernando perdeu completamente a paciência.





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