A Rosa do Adro - Cap. 7: CAPÍTULO 7 Pág. 55 / 202

resposta, o jovem ergueu-se de um salto, colocou-se em frente de Rosa, e, cruzando os braços, exclamou em tom irónico:

- Com efeito, Rosa, estou admirado do teu procedimento; dizias amar-me, juraste-me esse amor e por fim escarneces dos sentimentos mais puros do meu coração, traindo todas essas promessas!... Eis como são as mulheres: só amam quando não há sacrifícios afazer, mas, logo que eles aparecem, o amor evapora-se!...

- Sr. Fernando - atalhou a rapariga, desfeita em lágrimas. - por piedade, não diga isso; não duvide do amor que lhe jurei!

- Que não duvide do seu amor, quando acaba de me dar a prova mais convincente de que nunca me teve a mais leve afeição!... São escusadas mais explicações, e o melhor é terminarmos isto por uma vez, deixo-a livre, pode retirar-se! De hoje para o futuro suponha que nunca me conheceu; seja feliz com as suas novas conquistas, mas o que lhe aconselho é que nunca engane ninguém como me enganou a mim! Adeus!

E, dizendo isto, deu alguns passos para se retirar, quando Rosa, levantando-se impetuosamente, agarrou-se-lhe aos braços, exclamando com desespero:

- Por compaixão, Fernandinho, não me deixe assim. Ouça-me primeiro e depois julgue-me.

- Pois bem: fale.

- O Sr. Fernando diz que eu não o amo, que nunca o amei!... Oh, não, mil vezes não. Juro-lhe pela salvação da minha alma, por tudo quanto há de mais sagrado, que ainda não deixei sequer um momento de lhe consagrar toda a minha existência, todos os afetos da minha alma. É verdade que prometi a minha avó deixá-lo, mas sabe se eu teria forças para cumprir tal promessa? Ah, Sr. Fernandinho, muito mal me julgou!... Diga: não haverá um meio qualquer de continuarmos estas relações sem darmos motivo a que se fale delas, ocultando-as aos olhos de toda essa gente e até aos da minha própria avó? Ordene, diga o que é preciso fazer, que estou pronta a obedecer-lhe como uma escrava.





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