A Rosa do Adro - Cap. 8: CAPÍTULO 8 Pág. 63 / 202

Como sabes, a igreja está perto daqui, e as aves noturnas costumam abrigar-se nela, alguma, porém, que se refugiara nesta árvore, amedrontou-se ao ouvir-nos falar, e fugiu, soltando o seu costumado canto. Já vês que tudo isto é bem natural e que nenhum motivo há para tais receios.

- Ah, foi um triste acaso aquele! - continuou a rapariga, ainda impressionada.

- Visto isso, és supersticiosa? - perguntou Fernando.

- Quando se ama, quem há que o não seja?

- Pois sossega, meu amor; já te mostrei que não há motivo algum para semelhantes sustos. Mudemos de assunto. Diz-me: estás agora contente comigo?

- Se estou! - respondeu ela, erguendo para o jovem os seus belos olhos.

- E eras tu que me querias deixar... tu, a quem amo como um louco, tu, a quem adoro como uma divindade!

- Vamos, Fernandinho, não exagere. Por mais bela que eu seja, não haverá acaso quem melhor mereça a sua afeição do que eu? Sabe o que eu receio, Fernandinho? É que um dia se venham a descobrir estas nossas entrevistas. Se tal sucedesse, julgar-me-ia completamente perdida no conceito de toda a gente. Deus permita que tal nunca suceda!...

- Não penses mais nisso, Rosa; quase te podia jurar que nunca ninguém o saberá: daqui por dois ou três dias toda a aldeia estará convencida de que terminaram as nossas relações, e por isso deixarão de nos espiar, se é que até aqui o têm feito. Mais tarde, porém, verão que os iludimos, porque os nossos corações jamais se poderiam separar. Deve dar-se então uma amarga surpresa para os nossos inimigos, não te parece?

- E estará ainda muito longe esse dia porque tanto anseio, essa hora em que Deus legalizará perante o mundo os nossos juramentos e o nosso amor?

- Não sei, Rosa, mas talvez esteja bem perto. Como sabes, a minha formatura deve efetuar-se no ano próximo, e só então poderei dispor de mim.





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