O Ingénuo - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 20 / 91

A senhorita de St. Yves radiava de alegria de se ver madrinha. Não sabia ao que a sujeitava esse grande título; aceitou a honra sem lhe conhecer as fatais consequências.

Como nunca houve cerimônia que não fosse seguida de um bródio, sentaram-se à mesa ao sair do batismo. Os espirituosos da Baixa Bretanha objetaram que o vinho não deveria ser batizado. O senhor prior dizia que o vinho, segundo Salomão, alegra o coração do homem. O senhor bispo acrescentava que o patriarca Juda amarrava o seu jumento à vinha e mergulhava o manto no sangue da uva e que era uma triste coisa não ser possível fazer o mesmo na Baixa Bretanha, a que Deus negara as vinhas. Cada qual porfiava em dizer um gracejo sobre o batismo do Ingénuo e dirigir galanteios à madrinha. O bailio, sempre interrogante, perguntava ao hurão se este seria fiel às suas promessas.

- Como quer que eu falte às minhas promessas - disse o hurão, - quando as fiz entre as mãos da senhorita de St. Yves?

O hurão entusiasmou-se; bebeu à grande pela saúde da madrinha.

- Se eu tivesse sido batizado por suas mãos - disse ele, - a água fria que recebi sobre a nuca me teria queimado.

O bailio achou a frase muito poética; ignorava o quanto a alegoria é corriqueira no Canadá. A madrinha, essa, sentiu-se extremamente satisfeita.

O Ingénuo recebera na pia batismal o nome de Hércules. O bispo não cessava de perguntar quem era esse padroeiro de quem nunca ouvira falar.





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