Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: CAPÍTULO IV

Página 36
Miguel estava em calvos, e puxava pela saquita de missanga com gestos de troquilha de burros em feira:

- Aposto! Aqui está dinheiro! O fidalgo de quadros, o Sr. Tenente-coronel Cerveira lobo também diz que el-rei já por cá anda.

- O Cerveira lobo! Olha que borrachão! - disse o frade.

- Quem cá está é o rei dos bêbedos no corpo dele - acrescentou o morgado.

- Mas diz que o Sr. D. Miguel I gostava muito dele - objetou o pedreiro. – ouvi-o eu.

- Não duvido... - explicou o frade - que o Sr. D. Miguel gostava de grandes± patifes...

O primo Cristóvão redarguiu, magoado na sua esperteza, que era tão certo estar el-rei em calvos como era certo ter-me beijado a régia mão em casa do abade, na noite sempre memorável de 16 de Abril de 1845. Que só o tinha visto de relance em braga em 32, mas que o conhecera pelo retrato; que até manquejava um pouco, tal e qual, como se sabe, depois que a sua majestade quebrou a perna em 28. Que el-rei nomeara o abade de calvos seu capelão-mor, que dera a mitra de Coimbra ao abade de priscos, e fizera chantre o padre Manuel das agras, e a ele lhe fizera a mercê de duas comendas e o título de barão de Bouro, afora outras graças a diversos clérigos e leigos.

- Que te parece isto? - perguntou o morgado ao frade.

- Parece-me a notória estupidez do primo bezerra e mais dos padres; mas, se o homem que lá está é o D. Miguel, então o estúpido é ele, e que me perdoe sua majestade fidelíssima...

Escreveu-se novamente ao póvoas, ao tavares de fagilde e ao pontes, um colaborador da nação. Responderam - lhe que não havia tal D. Miguel em calvos; mas que deixasse correr o marfim, porque era necessário uma agitação preparatória, um simulacro, uma apalpadela...

- Quer dizer - reflexionou o frade - que o tal impostor é um batista, o precursor do verdadeiro messias.

<< Página Anterior

pág. 36 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 36

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196