Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 7: CAPÍTULO VI

Página 53

Dez horas. Abriu-se então a porta da alcova, que rangeu ligeiramente na coiceira desengonçada, e saiu um sujeito de mediana estatura, ombros largos, barba toda com raras cãs, olhos brilhantes, pálido-trigueiro, um nariz adunco. Representava entre trinta e seis e quarenta anos. Sentou-se à braseira e preparou um cigarro, vagarosamente, que acendeu na aresta chamejante de uma brasa. Com o cigarro ao canto dos lábios e um olho fechado pelo contacto agro do fumo, foi abrir uma das vidraças, e pôs fora a mão a sondar a temperatura. Coxeava um pouco. Recolheu a mão com desagrado e fechou a janela. Vinha subindo a escada de comunicação com a cozinha uma mulher idosa, em mangas de camisa, meias azuis de lã e ourelos achinelados. Pediu licença para entrar, fez uma mesura de joelhos sem curvar o tronco, e perguntou:

- Vossa majestade passou bem?

- Otimamente, senhorinha, passei muito bem.

- Estimo muito, real senhor. O senhor abade foi chamado às oito horas para confessar uma freguesa que está a morrer de uma queda, e deixou dito que pusesse o almoço a vossa majestade, se ele não chegasse às nove e meia.

- Quando quiser, senhorinha, quando quiser, visto que o abade deu essas ordens e quem manda aqui é ele.

Da cozinha vaporava um perfume de salpicão frito com ovos. A sua majestade farejava com as narinas anelantes num forte apetite. A criada voltou com toalha, guardanapo, louça da índia, talheres de prata, e uma travessa coberta. A sua majestade, muito familiar, tirou de sobre a mesa uns cadernos escritos, cosidos com seda escarlate, e um grande tinteiro de chumbo com penas de pato.

- Ora vossa majestade a incomodar-se! Valha-me deus! Eu tiro isso, real senhor! Não que uma coisa assim! Um rei a..

E o real senhor:

- Ande lá, senhorinha, que eu ajudo.

<< Página Anterior

pág. 53 (Capítulo 7)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 53

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196