Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 22: CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA

Página 139
ª Viscondessa.

- Não se ria da minha curiosidade, Sr. Mesquita... - começou a viúva, referindo a singular passagem que lhe espertara vivo desejo de saber quem era o homem que passara com ele.

- É o redator do jornal *** Foi meu condiscípulo. Chama-se Alexandre Pimentel. É pobre. Nasceu no Brasil. Vivia com a mãe em Coimbra. É talento de primeira ordem. Passa as manhãs na Biblioteca a parafusar numa obra que há de escrever, quando tiver recursos com que a possa publicar. Não sei dizer a Vossa Excelência onde mora. Creio, porém, que deve ser em casa menos de modesta; porque em Coimbra tinha muitos amigos que ele convidava para sua casa; e sei que em Lisboa não convida nenhum. Requereu vários lugares, que lhe não deram; porque Alexandre Pimentel é um celestial doido que não quis nunca pedir nem receber cartas de proteção para os ministros. Dizia ele que a sua vida sem mácula e cinco prémios sem favor no curso dos seus estudos eram ou deviam ser a máxima habilitação. Antes de fazer-se revisor e tradutor, dizem-me que chegou a trazer as botas rotas. Agora, vive regularmente do seu estipêndio de jornalista. Não advoga, porque diz ele que o advogado é um mercenário de ladrões poderosos; e que, se o não for, apenas encontrará pobre que lhe procure o seu patronato. Não posso dar outros esclarecimentos a Vossa Excelência.

- Mas dá-me a sua palavra de cavalheiro que não há de revelar ao seu condiscípulo esta minha curiosidade?

- Oh! Sr.ª Viscondessa, minha senhora!... Vossa Excelência imagine que conversou comigo sonhando. Nem sombra de revelação a tal respeito.

À volta de quinze dias, o bacharel Alexandre Pimentel recebeu aviso do Ministério dá Justiça que a sua Majestade houvera por bem despachá-lo delegado do procurador régio da comarca de ***.

<< Página Anterior

pág. 139 (Capítulo 22)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 139

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177