Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ

Página 21
Mas - audaz pastorinho - que doida inocência foi essa a tua de levares retratada no coração a peregrina imagem da menina tão distante do teu mesquinho nascimento, e das palhas onde pequenino choravas, sem mimos que te acalentassem?

Aos 14 anos, poderia ele responder, apontando os seus quadros imperfeitos: “Eu andava então entesourando estas memórias, com que a alma vem hoje auxiliar a arte. O aproveitamento que me louvam é o coração que mo ensina, é a saudade que faz esta luz e sombras, este quê inexplicável em que cismo e choro.” Tal era, e destas puerilidades afetivas vivia Bernardo Moniz, quando o pai lhe disse: “Escolhe outro modo de vida, que estamos ricos, louvado Deus!”

- Que tem que estejamos ricos?... Serei pintor.

- Não quero. Hás de ser o que os teus irmãos querem ser. António escolheu ser médico; Francisco quer ser doutor-padre; e tu, vê lá... Queres ser doutor de leis?

- O que o meu pai quiser.

- Então é já para Coimbra com os teus irmãos.

E partiram os três estudantes em 1820 para Coimbra começar humanidades. Bernardo ganhou prodigiosa vantagem aos irmãos e condiscípulos bem que intervalasse o estudo com exercícios de desenho, cada hora mais aprimorado. Era bom de graduar-lhe o progresso, porque os desenhos, como em Lisboa. saíam sempre os mesmos: Ricardina o ninho, o mirante o cruzeiro, a gruta, e o cabaz dos pêssegos. Os irmãos riam-se, e diziam entre si: “Não sabe mais nada!”

Nas férias grandes do 1º ano, Bernardo foi a casa. O abade de Espinho maravilhou-se da latinidade do jovem, quando o viu desfazer as dificuldades do Eutrópio, defesas ao examinador. E tanto assim que disse a D. Clementina:

- Quem diria que daquele cepo do Silvestre da Fonte havia de sair um filho esperto! Desconcerto

<< Página Anterior

pág. 21 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 21

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177