Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM!

Página 53
À notícia da morte de Clementina, seguiu-se o silêncio de duas, semanas, bem que a freira, escrevendo ao irmão, lhe pedia, que explicasse ao seu amigo o silêncio de Ricardina, forçado pela doença e mais ainda pela incessante companhia das religiosas, que se revezavam ao pé dela, noite e dia.

Prosseguiu a correspondência depois com a mesma regularidade. Os sentimentos da noviça eram já diversos quanto a professar. Tinham feito grande abalo no seu ânimo as derradeiras palavras da mãe: “espera” quando acabava de louvar o exaltado amor de Bernardo. Facilmente pensou a filha que vinham inspiradas do Céu as ordens da moribunda, santificada por vinte anos de secretas angústias, a tempo que todos a julgavam tão criminosa quanto feliz. Deliberada, pois, a protrair os votos, enquanto, pudesse. Ricardina referiu a Bernardo as palavras da mãe e a promessa de ir rogar a Deus que os unisse. Reanimou-se o académico.

No princípio de Fevereiro daquele ano de 1828, o abade de Espinho passou em Lamego, caminho de Amarante, onde tinha o irmão morgado. Procurou a filha, disse-lhe benignamente que lhe perdoava os desgostos recebidos por causa dela, e contou que ia espairecer com o seu irmão, por sentir-se morrer na solitária residência da abadia. No objeto da profissão disse que o mundo ainda podia dar muitas voltas. Ricardina decifrou do misterioso destas possíveis voltas do mundo que o seu pai se ia amolecendo a favor de Bernardo, quer por eficácia das orações da sua mãe, quer por se ter desavindo com Eugénia. Assim o comunicou a esperançada menina ao estudante.

Corridos quinze dias, voltou de Amarante o padre, acompanhado de um sobrinho, filho segundo do seu irmão. Chegados a Lamego, seguiram para o convento. O abade apresentou à filha seu primo Gaspar Botelho de Queirós, que ela ainda se lembrava de ter visto na infância em Espinho.

<< Página Anterior

pág. 53 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 53

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177