Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: CAPÍTULO X - A SORTE

Página 61
Acobardou-se o agredido e saiu para a sua abadia, no propósito de planear mais estrondosa vingança.

Neste tempo, a parte liberal da academia reunia-se nos seus clandestinos esconderijos sob o nome de Clube Republicano Escolástico, disposta a resistir à perfídia do regente, já demonstrada nos actos iniciais de governo absoluto. Era notório que se preparava uma deputação do corpo catedrático e do cabido de Coimbra, enviada a felicitar D. Miguel. Constava que os lentes eleitos seriam os dois mais entranhados inimigos dos estudantes que se tinham manifestado contra o insurgente marquês de Chaves. Grassou outrossim o boato de que os dois lentes adrede escolhidos, Mateus de Sousa Coutinho e Jerónimo Joaquim de Figueiredo, coligiam uma lista dos académicos suspeitos, a fim de os fazer punir e riscar da Universidade, delatando-os ao infante.

Expedidas as notícias aterradoras numa sessão de duzentos académicos nomeados maçonicamente os “Divódis”, surdiu uníssono o grito de morte aos dois lentes. Bernardo Moniz, à hora da conjuração funesta, pernoitava emboscado entre as árvores já floridas, onde Ricardina lhe desprendia o ânimo da paixão política. De nenhum peso lhe eram no espírito embevecido em tanto amor as convulsões da república. Quando os irmãos o chamavam às velhas práticas de despotismo e liberdade, furtava-se às enojosas questões e dizia: - Meus amigos, a política é boa distração para quem não ama. A mim que me importam liberdades? O que eu quero é amar livremente. Achei a felicidade. Acabaram-se as minhas pendências com o mundo.

E assaz o provava, refugiando-se noturnamente para os silêncios do seu bosque apenas quebrados pelo dulcíssimo dialogar de beijos mais que de palavras. Já ele tinha obtido por intervenção do seu contemporâneo Domingos Joaquim dos Reis, filho do poderoso capitão-mor de Sintra, e afilhado da infanta D.

<< Página Anterior

pág. 61 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 61

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177