Resumo. - Procurei brevemente neste capítulo mostrar que as qualidades mentais dos nossos animais domésticos variam e que as variações são herdadas. Procurei com ainda maior brevidade mostrar que os instintos variam ligeiramente em estado de natureza. Ninguém porá em causa que os instintos são da maior importância para cada animal. Portanto, não vejo qualquer dificuldade, sob condições de vida inconstantes, em a selecção natural acumular ligeiras modificações de instinto, sem limite, em qualquer direcção que seja útil. Em alguns casos, o hábito ou o uso e o desuso desempenharam provavelmente o seu papel. Não pretendo que os factos apresentados neste capítulo reforcem consideravelmente a minha teoria; mas nenhum destes casos de dificuldade, tanto quanto me é dado compreender, a aniquila. Por outro lado, o facto de os instintos nem sempre serem absolutamente perfeitos e serem susceptíveis de erro - que o cânone de história natural «natura non facit saltum» é tão aplicável aos instintos como à estrutura corporal e claramente explicável segundo as anteriores perspectivas, mas de contrário inexplicável-, todos tendem a corroborar a teoria da selecção natural.
Esta teoria é também reforçada por outros factos que se referem aos instintos; como por aquele caso comum de espécies intimamente próximas mas seguramente distintas que, quando habitam partes distantes do mundo e vivem em condições de vida bastante diferentes, preservam todavia quase os mesmos instintos.