A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 312 / 524

de cirrípedes sésseis) revestem as rochas em todo o mundo em número infinito: todas são estritamente litorais, com a excepção de uma única espécie mediterrânica, que habita águas profundas e foi descoberta em estado fóssil na Sicília, ao passo que nenhuma outra espécie foi até agora descoberta em qualquer formação terciária: porém, sabe-se agora que o género Chthamalus existiu durante o período Cretácico. O género de moluscos Chiton oferece um exemplo em parte análogo.

No que se refere às produções terrestres que viveram nos períodos Secundário e Paleozóico, é supérfluo afirmar que os nossos indícios a partir de vestígios fósseis são fragmentários a um grau extremo. Por exemplo, não se conhece qualquer molusco terrestre pertencente a um ou outro destes vastos períodos, com uma excepção descoberta por Sir C. Lyell no estrato carbonífero da América do Norte. A respeito dos vestígios mamíferos, um único olhar sobre a tabela histórica publicada no Suplemento ao «Manual» de Lyell tornará a verdade mais clara, quão acidental e rara é a sua preservação, muito melhor do que páginas detalhadas. Tão-pouco a sua raridade surpreende, quando relembramos quão grande é a proporção de ossos de mamíferos terciários descoberta ou em grutas ou em depósitos lacustres; e que não se conhece uma gruta nem uma camada lacustre que pertençam ao período das nossas formações secundárias ou paleozóicas.

Mas a imperfeição no registo geológico resulta sobretudo de outra causa mais importante do que quaisquer das anteriores; nomeadamente, pelo facto de as diversas formações estarem separadas entre si por amplos intervalos de tempo. Quando vemos as formações catalogadas em obras escritas, ou quando as seguimos na natureza, é difícil evitar a crença de que são estritamente consecutivas.





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