A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 326 / 524

Se portanto houver algum grau de verdade nestas observações, não podemos esperar encontrar nas nossas formações geológicas um número infinito daquelas subtis formas transicionais, que segundo a minha teoria seguramente conectaram todas as espécies do passado e do presente, pertencentes ao mesmo grupo, numa longa e ramificante cadeia da vida. Deveríamos apenas procurar alguns elos, uns mais próximos, outros mais distantes entre si; e estes elos, independentemente da sua proximidade, se descobertos em estágios diferentes da mesma formação, seriam maioritariamente classificados como espécies distintas pelos paleontólogos. Mas não finjo que alguma vez suspeitaria de até que ponto a secção geológica mais bem preservada nos apresenta um registo pobre das mutações da vida, não fosse a pressão exerci da sobre a minha teoria pela dificuldade de não encontrarmos inumeráveis elos transicionais entre as espécies que aparecem no início e no fim de cada formação.

Sobre o aparecimento súbito de grupos inteiros de espécies próximas. - A maneira abrupta como grupos inteiros de espécies subitamente aparecem em certas formações tem sido insistentemente apresentada por diversos paleontólogos, por exemplo, Agassiz, Pictet, e por nenhum mais convincentemente do que o Professor Sedgwick, como uma objecção fatal à crença na transmutação das espécies. Se numerosas espécies, pertencentes ao mesmo género ou famílias, começaram realmente a viver todas ao mesmo tempo, esse facto seria fatal para a teoria da descendência com modificação lenta através da selecção natural. Pois o desenvolvimento de um grupo de formas, descendendo todas de um progenitor, tem de ter sido um processo extremamente lento; e os progenitores têm de ter vivido muito tempo antes dos seus descendentes modificados.





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