A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 350 / 524

completamente fútil olhar para as mudanças nas correntes, no clima ou noutras condições físicas como causas destas grandes mutações nas formas de vida em todo o mundo, nos climas mais dissemelhantes. Temos de procurar, como observou Barrande, alguma lei especial. Veremos isto mais claramente quando abordarmos a presente distribuição dos seres orgânicos e descobrirmos como é ligeira a relação entre as condições físicas das várias regiões e a natureza dos seus habitantes.

Este grande facto da sucessão paralela das formas de vida em todo o mundo é explicável pela teoria da selecção natural. Formam-se novas espécies pelo aparecimento de novas variedades, as quais têm alguma vantagem sobre as formas mais antigas; e estas formas, que já são dominantes ou têm alguma vantagem sobre as outras formas na sua própria região, dariam natural e mais frequentemente origem a novas variedades ou espécies incipientes; pois estas últimas têm de ser vitoriosas num grau ainda mais elevado para se preservarem e continuarem vivas. Temos indícios distintos a este respeito, nas plantas que são dominantes, ou seja, que são mais comuns nos seus próprios ambientes e estão mais amplamente difundidas, tendo produzido o maior número de novas variedades. É também natural que sejam as espécies dominantes, variantes e amplamente distribuídas, que já invadiram até certo ponto os territórios de outras espécies, as que teriam maior probabilidade de se propagar ainda mais e dar origem a novas variedades e espécies em novas regiões. O processo de difusão pode muitas vezes ser bastante lento, já que depende de modificações climáticas e geográficas, ou de acidentes estranhos, mas a longo prazo as formas dominantes conseguirão geralmente propagar-se. A difusão seria provavelmente mais lenta nos habitantes terrestres de continentes distintos do que nos habitantes das grandes extensões marítimas.





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