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Capítulo 14: CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.

Página 454
; enquanto nas ovelhas os cornos são muito menos úteis, porque são menos constantes. Ao classificar as variedades, compreendo que se tivéssemos um verdadeiro pedigree, uma classificação genealógica seria universalmente preferida; e alguns autores procuraram fazer isto. Pois poderíamos sentir-nos seguros, houvesse maior ou menor modificação, de que o princípio de hereditariedade manteria juntas as formas mais próximas no maior número de pontos. Nos pombos-cambalhota, embora algumas subvariedades difiram das outras no importante carácter de ter um bico mais longo, são todos ordenados conjuntamente por partilharem o hábito de dar cambalhotas; mas a linhagem de bico curto perdeu completamente ou quase este hábito; não obstante, sem qualquer reflexão ou pensamento sobre o assunto, mantém-se estes pombos-cambalhota no mesmo grupo, porque são consanguineamente próximos e semelhantes noutros aspectos. Se se pudesse provar que o Hotentote descende do Negro, creio que seria classificado sob o grupo dos Negros, por muito que diferisse dos negros na cor e noutros caracteres importantes.

Nas espécies em estado de natureza, todo o naturalista integrou de facto a ascendência na sua classificação; pois inclui na sua categoria mais básica, ou a de espécie, os dois sexos; e todos os naturalistas sabem como estes por vezes diferem imenso nos caracteres mais importantes; dificilmente se pode predicar um só facto em comum dos machos e hermafroditas de certos cirrípedes, quando adultos, e no entanto ninguém sonha separá-los. O naturalista inclui como uma espécie as diversas etapas larvares do mesmo indivíduo, por muito que possam diferir entre si e do adulto; tal como inclui as famigeradas «gerações de Steenstrup», que só num sentido técnico podem ser consideradas como o mesmo indivíduo.

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pág. 454 (Capítulo 14)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 454

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491