A Origem das Espécies - Cap. 4: CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA Pág. 84 / 524

Mas a luta será quase invariavelmente mais severa entre os indivíduos da mesma espécie, pois frequentam as mesmas áreas, requerem a mesma alimentação e estão expostos aos mesmos perigos. No caso das variedades da mesma espécie, a severidade da luta será geralmente quase igual, e por vezes cedo vemos a contenda ser decidida: por exemplo, se diversas variedades de trigo forem semeadas em conjunto, semeando-se novamente as sementes mistas, algumas das variedades que melhor se adaptam ao solo ou clima, ou que são naturalmente as mais férteis, vencerão as outras, produzindo assim mais semente e, logo, suplantarão completamente em poucos anos as outras variedades. Para manter uma casta mista mesmo de variedades tão extraordinariamente próximas como as variegadas ervilhas-de-cheiro, deverá em cada ano ser feita a sua colheita separadamente, misturando então a semente na devida proporção; de contrário, os tipos mais fracos irão decrescer numericamente a um ritmo constante e desaparecerão. O mesmo sucede, mais uma vez, com as variedades de carneiros: afirmou-se que certas variedades montanhesas matarão à fome outras variedades montanhesas, de modo que não se as pode manter juntas. O mesmo resultado se seguiu da prática de manter juntas diferentes variedades de sanguessugas medicinais. Pode-se até duvidar de as variedades de quaisquer das nossas plantas e animais domésticos terem ou não exactamente o mesmo grau de força, hábitos e constituição, a ponto de as proporções originais de uma casta mista poderem manter-se durante meia-dúzia de gerações, no caso de se permitir que lutassem entre si, como seres em estado de natureza, e se as sementes ou as crias não fossem anualmente seleccionadas.

Uma vez que as espécies do mesmo género têm em