geral, embora de maneira nenhuma invariavelmente, algumas semelhanças de hábitos e constituição, e sempre de estrutura, a luta será quase sempre mais severa entre espécies do mesmo género, quando estas entram em competição entre si, do que entre espécies de géneros distintos. Vemos isto no facto de a recente expansão de uma espécie de andorinha em partes dos Estados Unidos ter causado o decréscimo de outras espécies. A recente propagação do tordo-visgueiro em partes da Escócia causou o decréscimo do tordo-comum. Quão frequentemente descobrimos que uma espécie de rato tomou o lugar de outra nos climas mais díspares! Na Rússia, a pequena barata asiática sempre triunfou sobre a sua grande congénere. Uma espécie de mostarda-dos-campos tomará o lugar de outra, e assim sucederá noutros casos. Podemos vislumbrar a razão de a competição ser mais severa entre formas próximas, que ocupam praticamente o mesmo espaço na economia da natureza; mas provavelmente em nenhuma circunstância poderíamos afirmar com precisão por que razão uma espécie triunfou sobre outra na grande batalha da vida.
Pode-se deduzir das observações anteriores um corolário da mais elevada importância, nomeadamente, que a estrutura de cada ser orgânico está relacionada, da maneira mais essencial embora frequentemente oculta, com a estrutura de todos os outros seres orgânicos, cornos quais entra em competição por alimentos ou habitação, aos quais tem de escapar, ou dos quais faz as suas presas. Isto é óbvio na estrutura dos dentes e garras do tigre; e na das pernas e garras do parasita que se prende ao pêlo no corpo do tigre. Mas na bela semente plumada do dente-de-leão e nas pernas achatadas e franjadas do escaravelho aquático, a relação parece a princípio confinada aos elementos do ar e da água.