Embora eu não deixasse de pensar que era um tanto «vulgar». A minha mãe, que era congregacionista, ao que suponho nunca pôs na sua vida os pés numa igreja metodista primitiva. E não se mostrava disposta, com certeza, a ser humilde perante o marido. Mas tivesse ele a insolência de um verdadeiro pastor, e não duvido de que fosse bem mais submissa. A insolência era a qualidade mais preponderante de um homem da igreja. Mas urna insolência muito especial que tinha, por assim dizer, autorização do céu. Sei agora que urna grande parte dessa religiosa insolência muito especial se apoiava no Apocalipse.
Só muitos anos mais tarde, depois de alguma coisa eu ter lido sobre religiões comparadas e história das religiões, pude perceber corno era estranho o livro que, nas noites negras de terça-feira, nas igrejas do Pentecostes ou de Beauvale, inspirava aos mineiros aquele estranho sentido de autoridade especial e religiosa insolência. Estranhas e maravilhosas noites negras do norte dos Midlands, com candeeiros a gás que silvavam na capela e o rugido do vozeirão dos mineiros. Religião do povo: urna religião de autoglorificação, de poder para sempre!, e trevas. Sem gemidos corno: «ó luz suave, guiai-nos!... »