Capítulo 59: Capítulo 59
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O cristianismo foi o vampiro do imperium Romanum — destruiu do dia para a noite a vasta obra dos romanos: a conquista do solo para uma grande cultura que poderia aguardar por sua hora. Será possível que isso ainda não foi compreendido? O imperium Romanum que conhecemos, e que a história da província romana nos ensina a conhecer cada vez melhor — essa admirável obra de arte em grande estilo, era apenas um começo, sua construção estava calculada para provar seu valor por milhares de anos. Até hoje nada em escala semelhante sub specie aeterni (sob o aspeto do eterno) foi construído, ou sequer sonhado! — Essa organização era forte o suficiente para resistir a maus imperadores: o acaso da personalidade não pode fazer nada em tais coisas — primeiro princípio de toda arquitetura genuinamente grande. Mas não era forte o suficiente para resistir contra a mais corrupta das corrupções — contra cristãos... Esses vermes furtivos que, sob a proteção da noite, da névoa e da duplicidade, rastejam sobre todo indivíduo, sugando-lhe todo o interesse sério pelas coisas reais, todo o instinto para a realidade — essa turba covarde, efeminada e melíflua gradualmente alienou todas as “almas” desse edifício colossal — aquelas naturezas preciosas, virilmente nobres, que haviam encontrado em Roma sua própria causa, sua própria seriedade, seu próprio orgulho. A dissimulação dos hipócritas, o mistério dos conventículos, conceitos tão sombrios quanto o inferno, como o sacrifício do inocente, a unio mystica (união sagrada ou mística) no beber sangue, e acima de tudo o fogo lentamente reavivado da vingança, da vingança de chandala — isso dominou Roma: o mesmo tipo de religião que, numa forma preexistente, Epicuro combateu.
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Páginas: 117
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