Capítulo 33: Capítulo 33
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Colocado entre hindus teria usado os conceitos de Shanhya (Um dos seis grandes sistemas da filosofia hindu), e entre chineses os de Lao-Tsé (fundador do taoísmo) — e em ambos os casos isso não faria qualquer diferença a ele. — Tomando uma pequena liberdade no uso das palavras, alguém poderia de fato chamar Jesus de “espírito livre” — não lhe importa o que está estabelecido: a palavra mata, tudo aquilo que é estabelecido mata. A noção de “vida” como uma experiência, como apenas ele a concebe, a seu ver encontra-se em oposição a todo tipo de palavra, fórmula, lei, crença e dogma. Fala apenas de coisas interiores: “vida”, ou “verdade”, ou “luz”, são suas palavras para o mundo interior — a seu ver todo o resto, toda a realidade, toda natureza, mesmo a linguagem, tem valor apenas como um sinal, uma alegoria. — Aqui é de suprema importância não se deixar conduzir ao erro pelas tentações existentes nos preconceitos cristãos, ou melhor, eclesiásticos: este simbolismo par excellence encontra-se alheio a toda religião, todas noções de adoração, toda história, toda ciência natural, toda experiência mundana, todo conhecimento, toda política, toda psicologia, todos livros, toda arte — sua “sabedoria” é precisamente a ignorância pura em relação a todas essas coisas. Nunca ouviu falar de cultura; não a combate — nem mesmo a nega... O mesmo pode ser dito do Estado, de toda a ordem social burguesa, do trabalho, da guerra — não tem motivos para negar o “mundo”, nem sequer tem conhecimento do conceito eclesiástico de “mundo”... Precisamente a negação lhe era impossível.
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