Toda a moral é apenas isto: “Tu não conhecerás” — o resto deduz-se disso. — O pavor de Deus, entretanto, não o impediu de ser astuto. Como se proteger contra a ciência? Por longo tempo esse foi o problema capital. Resposta: expulsando o homem do paraíso! A felicidade e a ociosidade evocam o pensar — e todos pensamentos são maus pensamentos! — O homem não deve pensar. — Então o “padre” inventa a angústia, a morte, os perigos mortais do parto, toda a espécie de misérias, a decrepitude e, acima de tudo, a enfermidade— nada senão armas para alimentar a guerra contra a ciência! Os problemas não permitem que o homem pense... Apesar disso — que terrível! — o edifício do conhecimento começa a elevar-se, invadindo os céus, obscurecendo os Deuses — que fazer? — O velho Deus inventa a guerra; separa os povos; faz com que se destruam uns aos outros (— os padres sempre necessitaram de guerras...). Guerra — entre outras coisas, um grande estorvo à ciência! — Inacreditável! O conhecimento, a emancipação do domínio sacerdotal prosperam apesar da guerra! — Então o velho Deus chega à sua resolução final: “O homem tornou-se científico — não existe outra solução: ele precisa ser afogado”...