Capítulo 52: Capítulo 52
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Nós outros, nós que temos coragem para a saúde e para o desprezo — temos o direito de desprezar uma religião que prega a incompreensão do corpo! Que se recusa a dispensar a superstição da alma! Que da insuficiência alimentar faz “virtude”! Que combate a saúde como alguma espécie de inimigo, de demônio, de tentação! Que se convenceu de que é possível trazer uma “alma perfeita” em um corpo cadavérico, e que, para isso, inventou um novo conceito de “perfeição”, um estado existencial pálido, doentio, fanático até a estupidez, a chamada “santidade” — uma santidade que não passa de uma série de sintomas de um corpo empobrecido, enervado e incuravelmente corrompido!... O movimento cristão, enquanto movimento Europeu, desde o começo não foi mais que uma sublevação de toda espécie de elementos desterrados e refugados (— que agora, sob a máscara do cristianismo, aspiram ao poder). — Não representa a degeneração de uma raça; representa, pelo contrário, uma conglomeração de produtos da decadência vindos de todas as direções, amontoando-se e buscando-se reciprocamente. Não foi, como se pensa, a corrupção da Antiguidade, da Antiguidade nobre, que tornou o cristianismo possível; nunca será possível combater com violência suficiente a imbecilidade erudita que atualmente sustém tal teoria. Quando as enfermas e podres classes chandala de todo o imperium foram cristianizadas, o tipo oposto, a nobreza, alcançou seu estágio de desenvolvimento mais belo e amadurecido. A maioria subiu ao poder; a democracia, com seus instintos cristãos, triunfou... O cristianismo não era “nacional”, não estava baseado em raça — apelou a todas as variedades de homens deserdados pela vida, tinha aliados em toda parte.
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