Capítulo 56: Capítulo 56
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Pode alguém ainda se admirar de que todos os partidos, incluindo os historiadores alemães, instintivamente se sirvam de frases morais — que a moral quase deva sua sobrevivência ao fato de toda espécie de homem de partido necessitar dela a cada instante? — “Esta é nossa convicção: proclamamo-la perante todo o mundo; vivemos e morremos por ela — que sejam respeitados todos aqueles que possuem convicções!” — De fato, ouvi isso da boca dos antissemitas. Pelo contrário, senhores! Mentir por princípio certamente não torna um antissemita mais respeitável... Os padres, que possuem mais sutileza em tais questões, e que compreendem bem a objeção existente contra a ideia de convicção, ou seja, de uma mentira que se transforma em princípio porque serve a um propósito, tomaram emprestado dos judeus o artifício de introduzir nesses casos os conceitos “Deus”, “vontade de Deus” e “revelação Divina”. Kant, com seu imperativo categórico, também estava no mesmo caminho: isso era sua razão prática. Há questões relativas à verdade e à inverdade que o homem não pode decidir; todas as questões capitais, todos problemas capitais de valoração estão acima da razão humana... Conhecer os limites da razão — somente isso é filosofia genuína. Que finalidade teve a revelação divina ao homem? Deus faria algo supérfluo? O homem não pode descobrir por si mesmo o que é bom e o é ruim, então Deus lhe ensinou sua vontade... Moral: o padre não mente — não existe a questão da “verdade” ou da “inverdade” entre as coisas de que falam os padres. É impossível mentir a respeito de tais coisas, pois para mentir primeiramente seria necessário saber o que é verdade.
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