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Capítulo 19: XI

Página 200
Era a publicidade destinada a Le Fanal de Rouen. Vinha trazê-la para que lessem.

- Leia o senhor mesmo - disse Bovary. Ele leu:

- «Apesar dos preconceitos que cobrem ainda uma parte da face da Europa como uma rede, a luz começa contudo a penetrar nos nossos campos. Foi assim que, na terça-feira, a nossa pequena vila de Yonville se VIU teatro duma experiência cirúrgica que é, ao mesmo tempo, um acto de elevada filantropia. O Dr. Bovary, um does nossos mais distintos especialistas...»

- Oh!, é de mais! É de mais! - dizia Charles, sufocado pela emoção.

- Deixe-se disso, não é nada de mais! Ora essa!... «operou um pé aleijado...» Não pus o termo científico porque, como sabe, num jornal..., talvez nem toda a gente compreendesse; é preciso que as massas...

- Tem razão - disse Bovary. - Continue.

- Volto a ler - disse o farmacêutico. - «O Dr. Bovary, um dos nos-

sos mais distintos especialistas, operou um pé aleijado a Hippolyte Tautain, moço de cavalariça há vinte e cinco anos no hotel do Leão de Ouro, gerido pela viúva Lefrançois, na Praça de Armas. A novidade da experiência e o interesse que se ligava ao assunto tinha atraído uma tal afluência de habitantes, que havia uma verdadeira multidão à entrada do estabelecimento. A operação, afinal, foi praticada como que por encanto e mal apareceram sobre a pele algumas gotas de sangue, como para assinalar que o tenhão rebelde acabava finalmente de ceder aos esforços da arte. O doente, coisa estranha (afirmamo-lo de visu), não acusou nenhuma dor. O seu estado, até ao presente, não deixa nada a desejar. Tudo leva a crer que a convalescença será breve; e quem sabe até se, na próxima festa da vila, não veremos o nosso bom Hippolyte figurar nas danças báquicas, no meio turno coro de alegres companheiros, provando assim perante o olhar de tojos, com energia e agilidade nos saltos, a sua completa cura? Honra, pois, dos sábios generosos! Honra aos espíritos infatigáveis que consagram as mas vigílias ao melhoramento ou ainda à cura da espécie humana! Honral, três vezes honra! Não será este o caso de exclamar que os cegos verão, os surdos ouvirão e os coxos andarão? O que outrora o fanatismo prometia dos seus eleitos oferece hoje a ciência a todos os homens! Manteremos os nOSSOS leitores informados acerca das fases sucessivas desta cura tão extraordinária.

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pág. 200 (Capítulo 19)

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Capa do livro Madame Bovary
Páginas: 382
Página atual: 200

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
PRIMEIRA PARTE – I 1
II 12
III 22
IV 29
V 36
VI 40
VII 46
VIII 54
IX 66
SEGUNDA PARTE – I 79
II 90
III 97
IV 112
VI 126
VII 140
VIII 150
IX 175
X 186
XI 196
XII 209
XIII 224
XIV 234
XV 246
TERCEIRA PARTE – I 255
II 271
III 282
IV 285
V 289
VI 307
VII 325
VIII 339
IX 357
X 366
XI 373