De facto não tardou. O reitor saiu afinal da sacristia, e dirigiuse imediatamente para José das Dornas, que se descobriu ao avistá-lo.
- Está à vontade, José, está à vontade. Ora... nós temos que falar a respeito do teu pequeno.
- Então é preciso comprar-lhe mais alguns livros? O que V. S.ª vir que...
- Nada, nada. A coisa agora é muito diferente.
- Então?
- É que... Ora escuta, José. Lembras-te de que eu te disse, aqui há tempos, que o rapaz havia de ser padre?
- Se lembra? Muito bem. E eu disse...
- Bem, bem. Pois... se queres que te fale a verdade... parece que o melhor... é dar-lhe outra arrumação.
José das Dornas parou e pôs-se a olhar boquiaberto para o reitor.
- Então... o pequeno não tem memória para os estudos?
- Tem, tem, e até de mais. Mas... ouve cá: esta vida de sacerdote quer vocações decididas. Não as havendo, é um grande erro abraçá-la, e um grande pecado constranger ninguém a segui-la contra vontade.
- Credo! Pois quem diz menos disso? Mas então, acha o Sr.
Reitor que o rapaz não terá queda?...
- Hum, hum... - murmurou o reitor. - Parece-me que não tem grande queda, não.
- Valha-me Deus, mas... porque julga V. S.ª isso? E queira perdoar se sou confiado em perguntar.
- Cá por certas coisas.
- E eu que até me parecia que o pequeno fora mesmo talhado para a vida!
- Também eu o julgava.
- O seu gosto era ajudar à missa.
- Olha lá se o vês agora?
- Até pelos seus brinquedos. Olhe que não havia para ele como armar igrejinhas e pregar sermões.
- Isso agora... enquanto a gostos e brinquedos... parece-me que houve sua mudança ultimamente.
- Então?
O reitor hesitava em revelar a verdade inteira a José das Dornas; por isso, a esta pergunta, começou ainda a titubear, e respondeu evasivamente:
- Sim.