Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 32: XXXII

Página 225
XXXII

Daniel cumpriu a promessa que fizera.

No dia seguinte, à hora costumada, não passou por casa das duas raparigas.

Era de admirar nele esta pronta condescendência às opiniões do público.

A própria Clara não tinha esperado encontrá-lo tão dócil; não ousamos dizer que também o não tinha desejado, ainda que dos frequentes olhares que dirigia para o sítio, donde todos os dias costumava vê-lo aparecer, alguém tiraria talvez essa ilação.

Cerrava-se a noite. Havia muito que o toque das Ave-Marias tinho ido perder-se nas mais distantes serras, que limitavam o horizonte. O fumo das choças e das herdades difundira-se sobre a aldeia. O zumbido dos ralos, essa incómoda sinfonia, com que rompem no estio as harmonias do crepúsculo, era atordoador.

Principiavam a cintilar as estrelas do céu; apenas, muito para o ocidente, uma estreita faixa luminosa restava ainda do dia que fenecera.

Clara saiu de casa, em direcção a uma pequena fonte que havia nas proximidades dela, e ao fim da estreita rua, que acompanhava o muro do quintal.

De dia, era esta fonte muito procurada em virtude da excelência das águas, gabadas de tempos imemoriais pelos clínicos da localidade, quase como milagrosas em infinitos casos de doenças, não obstante a quase absoluta carência de princípios medicinais não justificar a nomeada.

Depois das Trindades, porém, o solitário e sombrio do lugar afugentava a gente supersticiosa do campo.

Clara, criada de pequena por aqueles sítios, e, desde então, costumada a não os temer, de propósito escolhia estas horas para mais à vontade fazer a sua provisão de água e demorava-se ali sem a menor sombra de terror, antes cantando sempre, com ânimo desafogado.

Como o leitor decerto prevê, não era nenhum monumento arquitectónico a fonte de que falamos.

<< Página Anterior

pág. 225 (Capítulo 32)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Pupilas do Senhor Reitor
Páginas: 332
Página atual: 225

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 6
III 12
IV 16
V 25
VI 31
VII 35
VIII 43
IX 52
X 59
XI 65
XII 74
XIII 81
XIV 88
XV 95
XVI 102
XVII 109
XVIII 119
XIX 127
XX 134
XXI 139
XXII 147
XXIII 153
XXIV 161
XXV 170
XXVI 179
XXVII 187
XXVIII 192
XXIX 198
XXX 212
XXXI 219
XXXII 225
XXXIII 232
XXXIV 240
XXXV 247
XXXVI 256
XXXVII 261
XXXVIII 271
XXXIX 280
XL 296
XLI 306
XLII 316