despensas, armazéns e arrecadações da Casa de Granito, essas, estavam a abarrotar! Contudo, o mistério da destruição do Speedy continuaria por esclarecer, não fosse Nab, cerca de duas semanas depois, ter encontrado na praia um pesado cilindro de ferro todo torto e com sinais de ter sido submetido a uma substância explosiva.
Cyrus Smith, após ter examinado atentamente o achado, voltou-se para Pencroff e perguntou-lhe com alguma ironia:
- Então, amigo, você continua a pensar que o Speedy não foi vítima de um choque?
- Pois claro! - respondeu logo o marinheiro. - O senhor Cyrus sabe tão bem como eu que o canal não tem escolhos!
- E se o choque se tivesse dado contra isto? - insistiu o engenheiro, apontando para o cilindro encontrado por Nab.
- O quê? Esse canudo? - disse Pencroff, incrédulo.
- Meus amigos - esclareceu Smith -, lembrar-se-ão, por certo, que o brigue, antes de ir ao fundo, foi levantado por uma tromba de água... Pois bem, tudo isso foi obra de um torpedo e este cilindro é o que resta dele.
- Mas como é que ele foi lá parar? - perguntou Pencroff, desconfiado como de costume.
- Isso ainda não sei, mas o certo é que todos pudemos testemunhar os seus efeitos! Enfim, tudo se explicava... ou melhor, quase tudo. O engenheiro que, durante a Guerra de Secessão, tivera oportunidade de se familiarizar com esses terríveis engenhos, não podia enganar-se. Fora aquele cilindro carregado de explosivos que rebentara com o brigue! O Speedy não pudera resistir a tamanha capacidade de destruição, aliás suficiente para afundar um cruzador como se de um barquinho de pesca se tratasse.
Sim, quase tudo se explicava. Faltava, porém, saber quem lançara o torpedo. Cyrus Smith já intuíra a verdade. Agora, era chegado o momento de falar novamente com os amigos e partilhar com eles as suspeitas que tinha e que se iam tornando certezas.