- Pois serão precisas focas para fabricar ferro?
- Se é o Cyrus quem diz, é porque devem ser - respondeu Spilett.
A maré estava no seu nível mais baixo, quando os cinco amigos atravessaram o canal que os separava da ilhota. Uma vez no lado de lá, a primeira coisa que viram foi uma colónia de pinguins, mas os caçadores, armados de varapaus, não estavam interessados nestes animais. Passaram ao lado e dirigiram-se à ponta norte do ilhéu. O sítio tinha sido bem calculado, porque, efectivamente, lá estavam seis focas deitadas na praia, ao sol da manhã. Rodearam-nas cautelosamente, e atacaram de todos os lados ao mesmo tempo, abatendo duas à paulada. As outras conseguiram fugir para o mar.
- Ora cá tem as suas focas, senhor Cyrus! - proclamou o marinheiro.
- Muito bem! - disse Cyrus Smith. - As peles hão-de servir para fazermos os foles da forja.
Nab e Pencroff começaram, imediatamente, a esfolar os animais, enquanto o engenheiro e o repórter aproveitavam para uma volta de reconhecimento pela pequena ilha. Seis horas mais tarde, quando a maré vazou outra vez, voltaram a atravessar o canal e regressaram às Chaminés.
Três dias depois, as peles de foca, secas e cosidas com fibras vegetais, tinham-se transformado num fole indispensável a qualquer trabalho de forja. Estava-se a 20 de Abril e o repórter anotou esse dia como o primeiro do "período metalúrgico" da pequena colónia.
As jazidas de minério estavam situadas na base de um dos contrafortes da montanha, que os colonos haviam baptizado com o nome de monte Franklin. Dada a distância das Chaminés, cerca de dez quilómetros, era impensável ir e vir todos os dias, pelo que ficou assente que acampariam no próprio local dos trabalhos. Pelas cinco da tarde, depois de terem atravessado a floresta, atingiram a orla do denso arvoredo.