Exa.?
- Oh! não, não - atalhou D. Deolinda, que até aí se conservara calada - não é incómodo, não; eu pela minha parte até desejo voltar àquela aldeia, onde passei os primeiros anos da minha mocidade, e viver lá algum tempo. Tenho saudades daquelas pitorescas campinas, daquelas inocentes aldeãs, outrora minhas companheiras e tão minhas amigas; enfim, queria ainda gozar todos os encantos e atrativos daqueles sítios.
- Tens razão, minha filha - continuou a baronesa -; a vida ali é mais bela e sossegada; além disso, temos lá a nossa linda casa, levaremos daqui alguns criados e passaremos então dias de verdadeira felicidade.
- Decerto, mamã - respondeu Deolinda. Depois, dirigindo-se a Fernando, continuou, entusiasmada e como esquecida da presença da sua mãe: - Olha, Fernando, tenciono passar nessa bela aldeia os momentos mais agradáveis da minha existência: tu a visitares os teus doentes pobres, a confortá-los, a dar-lhes a vida, e eu e a minha mamã ao teu lado, socorrendo também esses infelizes, provendo-os de tudo o que necessitarem, e recebendo em paga as suas bênçãos e orações. Deve ser uma cadeia de aventuras sem fim, não é verdade, Fernando?
- Oh! certamente, meu anjo!... - respondeu o rapaz, um tanto pensativo e triste.
- Ora bravo, bravo! - exclamou a baronesa com toda a expansão de alegria - Aí está como eu gosto de os ver: assim familiares, amorosos...
- Perdão, mamã, esqueci-me... - interrompeu a jovem, corando.
- Perdão de quê, minha louquinha? Assim é que eu desejo vê-los sempre, e de hoje por diante proíbo-os de que na minha presença se tratem de outro modo; mas continuem com a conversa, porque me extasio em ouvi-los.
- Parece-me que o Sr. Fernando antes desejava viver no Porto - exclamou D. Deolinda, atentando na abstração e tristeza do seu futuro noivo.