Os pais de Fernando, a baronesa, a avó de Rosa e algumas outras pessoas da sua intimidade, achavam-se sentadas em volta do leito do doente, e nos seus rostos transparecia a mais profunda mágoa.
Próximo do leito fora improvisado um altar sobre o qual resplandecia, ao clarão de algumas luzes, a imagem de Cristo crucificado, e a poucos passos estava o venerando pároco da aldeia, devidamente paramentado para a cerimónia que ia celebrar-se.
Esperava-se unicamente pela chegada da noiva, a quem a filha da baronesa se encarregara de acompanhar.
Afinal, a porta do quarto entreabriu-se, e apareceram as duas jovens.
À entrada de Rosa, uma exclamação de espanto saiu de todas as bocas.
Era que a pobre rapariga, apesar da palidez do rosto e do estado de prostração em que estava, vinha surpreendentemente bela, mas dessa beleza que inspira um profundo respeito, e que nos confunde ao contemplá-la.
A filha da baronesa, por um desses sentimentos de amizade para com a desventurada noiva, quase que a forçara a adornar-se com a maior parte dos objetos que preparara para o seu casamento com Fernando, e, apesar da obstinação de Rosa, conseguira convencê-la, exclamando ao mesmo tempo que a vestia:
- É preciso que Fernando se orgulhe com a sua noiva, minha amiga; tu já és linda, mas este vestido, este colar, devem fazer realçar mais a tua formosura.
Rosa, pois, apresentara-se simplesmente adornada, mas dessa simplicidade encantadora e artística que só um apurado gosto, como o tinha a filha da baronesa, podia fazer realçar.
Um vestido liso, de seda branca, ligeiramente decotado, e cingido na cintura por uma larga fita cor-de-rosa, um fio de pérolas enlaçado no pescoço e caído um pouco sobre o colo, tendo pendente uma cruz de ouro,