Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: CAPÍTULO 9

Página 77
Disse eu depois para o meu rapaz: - "Olha do que tu te livraste! Nunca mais tornes a comer coisa alguma de mão de mulheres!". Aquela cá me ficou.

- Disso há muitos exemplos, tia Maria - disse Antónia -; o que me admira é a tia Zefa não acreditar nestas coisas; pois, por mais que digam, a mim ninguém me tira da cabeça que o António, que há pouco por aí passou, anda embruxado; foi coisa que lhe deram em comida ou bebida...

- Nada, nada - exclamou Josefa - , está enganada: o que é bem o sei eu. Querem saber porque o rapaz anda naquele estado? É porque foi ar mau que lhe empeceu à hora da Santíssima Trindade, ou alma penada que se lhe recolheu nele, ora aí têm. Já noutro dia quis levá-lo a casa da Teresa benzedeira para o defumar e ler-lhe os exorcismas, mas, quando em tal lhe falei, pensei dele me excomungar. Todos os endemoninhados são assim: quando se lhes fala em tirar o Demo do corpo, dão por paus e por pedras. Foi isto o que depressa me fez crer o ter ele espírito mau; e, para além disso, não acreditem em bruxedos nem feitiçarias, porque isso nunca existiu.

- Enfim, será isso, será - exclamaram algumas mulheres.

- Ora aí está - exclamou Antónia - , pois eu nessas coisas é que não acredito: quem morre, morre, e não volta cá; enquanto a espíritos, isso são baleias de cachopos.

- Ó tia Antónia - retorquiu Josefa - , pois vossemecê na verdade não acredita em ares maus e almas do outro mundo?! Abrenúncio!... Pois que era aquilo que tinha a Francisca da Azenha aqui há tempos? Aqueles flatos e estrebuchos que lhe davam, que não havia homem capaz de a segurar?... Foi eu mesma que a levei a casa da Teresa benzedeira, e quer saber o que lá se passou? A Francisca da Azenha, logo que se sentou e que a Teresa lhe começou a ler os exorcismos e a defumá-la com incenso e alecrim, e lhe deitou um cordão de São Francisco ao pescoço, ficou como morta.

<< Página Anterior

pág. 77 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Rosa do Adro
Páginas: 202
Página atual: 77

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO 1 1
CAPÍTULO 2 6
CAPÍTULO 3 9
CAPÍTULO 4 12
CAPÍTULO 5 20
CAPÍTULO 6 31
CAPÍTULO 7 45
CAPÍTULO 8 59
CAPÍTULO 9 67
CAPÍTULO 10 84
CAPÍTULO 11 91
CAPÍTULO 12 97
CAPÍTULO 13 117
CAPÍTULO 15 140
CAPÍTULO 16 157
CAPÍTULO 17 168
CAPÍTULO 18 181
CAPÍTULO 19 193