As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 5: V Pág. 26 / 332

De facto não tardou. O reitor saiu afinal da sacristia, e dirigiuse imediatamente para José das Dornas, que se descobriu ao avistá-lo.

- Está à vontade, José, está à vontade. Ora... nós temos que falar a respeito do teu pequeno.

- Então é preciso comprar-lhe mais alguns livros? O que V. S.ª vir que...

- Nada, nada. A coisa agora é muito diferente.

- Então?

- É que... Ora escuta, José. Lembras-te de que eu te disse, aqui há tempos, que o rapaz havia de ser padre?

- Se lembra? Muito bem. E eu disse...

- Bem, bem. Pois... se queres que te fale a verdade... parece que o melhor... é dar-lhe outra arrumação.

José das Dornas parou e pôs-se a olhar boquiaberto para o reitor.

- Então... o pequeno não tem memória para os estudos?

- Tem, tem, e até de mais. Mas... ouve cá: esta vida de sacerdote quer vocações decididas. Não as havendo, é um grande erro abraçá-la, e um grande pecado constranger ninguém a segui-la contra vontade.

- Credo! Pois quem diz menos disso? Mas então, acha o Sr.

Reitor que o rapaz não terá queda?...

- Hum, hum... - murmurou o reitor. - Parece-me que não tem grande queda, não.

- Valha-me Deus, mas... porque julga V. S.ª isso? E queira perdoar se sou confiado em perguntar.

- Cá por certas coisas.

- E eu que até me parecia que o pequeno fora mesmo talhado para a vida!

- Também eu o julgava.

- O seu gosto era ajudar à missa.

- Olha lá se o vês agora?

- Até pelos seus brinquedos. Olhe que não havia para ele como armar igrejinhas e pregar sermões.

- Isso agora... enquanto a gostos e brinquedos... parece-me que houve sua mudança ultimamente.

- Então?

O reitor hesitava em revelar a verdade inteira a José das Dornas; por isso, a esta pergunta, começou ainda a titubear, e respondeu evasivamente:

- Sim.





Os capítulos deste livro