- Mas o pai dá o que quer, e tu fizeste uma ação muito feia.
- Deixa a pequena - atalhou o padre. - Se a ação foi feia, o resultado é bonito. Não me tornes mais à gaveta sem minha ordem, Ricardina.
Daí a pouco, o abade chamou Norberto e disse-lhe:
- Olha que eu não quero as três peças que a menina deu a tua mãe; e se for necessário mais algum pinto, fala.
O criado tartamudeou. Entendeu o padre que era a gratidão que sufocava o seu estimado servo.
E era com efeito: porque, ajeitado o lanço, Norberto ajoelhou diante de Ricardina, e quis beijar-lhe os pés.
Desde aquele dia, se há sentimento mais entranhado que o da idolatria, era o que Norberto Calvo consagrava a sua ama, ao anjo salvador da sua fidelidade, manchada pelo irrefletido amor de filho.