O Retrato de Ricardina - Cap. 19: CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO Pág. 124 / 178

D. Ifigénia aconchegou do peito Ricardina, e disse ao padre:

- Adoto esta infeliz pela minha filha. Poderá cair em grandes desgraças; mas decerto não há de lá ir pelos abismos que o Sr. Padre profetiza.

Em Junho de 1828 saíram para o Rio de Janeiro D. Ifigénia e Ricardina Pimentel. Naquele tempo, já a filha adotiva da caridosa viúva escondia da família hospedeira os sinais infalíveis do seu delito. Da sua amiga não lhe dizia o pejo que os escondesse. Confessara-se-lhe aquela alma, hora por hora, da sua vida. Se a honestidade sofria quebra no conceito da confidente, a misericórdia aumentava. Pelo que, a viúva deu-se pressa em sair de Lisboa, deixando ainda em litígio o mais valioso da sua herança.

Em Setembro daquele ano, Ricardina aligara à sua a existência de um anjo. Tinha um filho, ao qual a viúva, sua madrinha, nomeou Alexandre. A criancinha viera ao mundo entre dois amores que se davam as mãos para o acalentarem. Era belo e mavioso ver a mãe ajoelhada com ele para o depor no regaço da viúva, que o estremecia. Ricardina julgava que a alma da sua mãe pedira a Deus a inspiração de caridade extremosa que santificara o coração da sua benfeitora.





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