O Retrato de Ricardina - Cap. 28: CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... Pág. 175 / 178

- Juras-me pelas Chagas de Cristo que o viste?

- Juro, pelas Chagas de Cristo e de tudo quanto há!

- Há quanto tempo?

- Há quanto tempo?

- Sim.

- Há coisa de hora e meia.

D. Ricardina recuou e disse:

- Isto é uma zombaria, Alexandre!...

- Quem viria zombar da minha mãe? - acudiu o filho. - Olhe que Norberto diz a verdade.

- Pois tu viste o Sr. Bernardo... hoje?

- Há hora e meia... já disse, fidalga, e torno a dizer... E sabe que mais? Eu não sou de caixas encouradas... Ali o Sr. Alexandre também o viu. Pergunte-lho a ele, que sabe dizer as coisas melhor que eu.

- Alexandre! - clamou a senhora incendida e convulsa. - Alexandre, viste? Era teu pai quem te deu o retrato?

- Sim, vi... era o meu pai!... Agora choremos... choremos de felicidade, minha querida mãe!

- Mas eu queria vê-lo... leva-me onde ele está, meu amor! Vens tu também, Matilde? Vamos todos, vem Norberto; mas já... já, que eu não queria morrer sem vê-lo, e tenho medo... tenho medo de morrer... O coração parece que se me despedaça, meus filhos... Leva-me onde está teu pai... E ele porque não veio?... Porque não o trouxeste, Alexandre?

- Há dezasseis dias que ele entrava nesta casa, e a minha mãe nunca o viu.

- Ele? - conclamaram as duas senhoras.

- Sim: era Paulo de Campos... há vinte quatro anos que o seu nome era Paulo de Campos..

- E estava aqui, e o coração não mo disse... - exclamou Ricardina assombrada pela dúvida. - Não será ele?... Será isto uma ilusão?... Norberto, era o Sr. Bernardo Moniz quem aqui vinha?

- Ora se era! Ainda hoje de manhã eu cá vim com uma carta dele.

Alexandre saiu subitamente, desceu ao escritório, procurou a carta, apanhou uns cadernos escritos do punho do seu colaborador, voltou à saleta, e disse:

- Conhece esta letra, minha mãe?

- É do teu pai! É do teu pai!.





Os capítulos deste livro