Apocalipse - Cap. 23: Capítulo 23 Pág. 169 / 180

No tempo de Jesus, as pessoas das classes mais baixas e medíocres já tinham percebido que nunca lhes tocaria a oportunidade de ser reis, nunca andariam em carruagens, nunca beberiam vinho em taças de ouro. Pois muito bem - vingar-se-iam destruindo tudo. «Caiu, caiu a grande Babilónia, e converteu-se em habitação de demónios.» Tudo, o ouro, a prata, as pérolas, as pedras preciosas, linho fino e fina púrpura, seda e escarlate canela e incenso, trigo, animais, carneiros, cavalos, carruagens, escravos e almas humanas - tudo isto é destruído, destruído, destruído na Babilónia a Grande -; como se ouve a inveja, a infinita inveja ranger ao longo desta canção triunfal!

Não, não podemos compreender que os Padres da Igreja tivessem querido, no Oriente, excluir do Novo Testamento o Apocalipse. Era inevitável que, tal como Judas entre os discípulos, ele lá estivesse incluído. Os pés de barro da sublime imagem cristã são o Apocalipse. E a imagem parte-se e cai sobre a fragilidade dos seus próprios pés.

Há Jesus - mas também há João o Divino. Há o amor cristão - mas também há a inveja cristã. Os fundadores quiseram «salvar» o mundo - mas os últimos nunca ficarão satisfeitos se o não destruírem. São duas faces da mesma moeda.





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