Apocalipse - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 27 / 180

QUATRO

É curioso, mas a vontade colectiva de uma comunidade denuncia, de facto, os fundamentos da vontade individual. Desde muito cedo, as primeiras igrejas ou comunidades cristãs manifestaram a estranha vontade de uma estranha espécie de poder. Sentiram vontade de destruir todo o poder e, assim, usurpar para si próprias o último, o fundamental poder. E embora a doutrina de Jesus não fosse realmente esta, era inevitável que passasse por ser a sua doutrina nas mentes das grandes massas de fracos e inferiores. Jesus pregava a fuga e a libertação através do amor fraterno e altruísta: sentimento este que só os fortes podem conhecer. Sem dúvida isto fez, ao mesmo tempo, com que a comunidade dos fracos se embriagasse de triunfo; a vontade da comunidade cristã era anti-social, quase anti-humana, e desde o início reveladora de um desejo frenético de fim de mundo, da destruição simultânea de toda a humanidade; e, quando isto não aconteceu, de uma extraordinária determinação sinistra de destruir toda a autoridade, toda a soberania, todo o esplendor humano poupando apenas a comunidade de santos como derradeira negação do poder e derradeiro poder.





Os capítulos deste livro