E agora teremos de admitir que também estamos gratos à Revelação de S. João por nos dar sugestões sobre o sumptuoso cosmo e pôr em momentâneo contacto com ele. Contactos só passageiros, diga-se a verdade, e depois interrompidos por esse outro espírito de esperança-desespero. Por tais momentos estamos, porém, reconhecidos.
Em toda a primeira parte do Apocalipse há lampejos de verdadeiro culto cósmico. Para os cristãos o cosmos fez-se anátema, embora a primitiva Igreja Católica tenha-o até certo ponto restaurado depois do colapso da Idade das Trevas. Depois da Reforma, o cosmo voltou a ser anátema para os protestantes. Substituíram-no por um universo de forças e uma ordem mecânica não-vitais,
todo o resto se fez abstracção, tendo-se dado início à longa e lenta morte do ser humano. Esta morte lenta originou ciência e máquinas, mas ambas são produto da morte.
A morte era, por certo, necessária. A longa e lenta morte da ociedade que faz paralelo com a morte rápida de Jesus e de outros deuses moribundos. Trata-se, não obstante, da morte, e ela terminará com o aniquilamento da raça humana - tal como João de Patrnos tão fervorosamente ansiava -, a menos que haja uma mudança, uma ressurreição e um regresso ao cosmo.