Apocalipse - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 47 / 180

Porém, estas cintilações de cosmo na Revelação dificilmente podem ser atribuídas a João de Patmos. Como apocalipta que é, ele utiliza as cintilações alheias para iluminar a sua senda de aflição e esperança. A grande esperança dos cristãos dá a medida do seu total desespero.

Isto começou, no entanto, antes dos cristãos. O Apocalipse é uma estranha forma de literatura judaica e judaica-cristã. Uma nova forma que surgiu por volta do ano 200 a. c., na altura em que os profetas já estavam extintos. Um dos primeiros Apocalipses é o livro de Daniel, pelo menos na última parte; outro é o Apocalipse de Enoch, cujas partes mais antigas são atribuídas ao século II a. C.

Os Judeus, o Povo Eleito, sempre se viram como um grande povo imperial. Tentaram sê-lo e tiveram um desastroso desaire. Desistiram. Depois de destruídos, deixaram de imaginar um grande e natural império judaico. Os profetas calaram-se para sempre. Os Judeus fizeram-se um povo com destino adiado. E os seus videntes começaram a escrever Apocalipses.

Os seus videntes tinham de enfrentar essa tal história do destino adiado. Já se não tratava de uma questão de profecia: era uma questão de visão. Deus já não voltaria a contar ao servo o que ia acontecer porque o que ia acontecer era quase incontável.





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