As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 37: XXXVII Pág. 270 / 332

Eu vejo que tem razão para duvidar de mim; mas será só isso? Porque não confessa também que recusa porque, sentindo insensível o coração, desconfia dele igualmente?

- Desconfiar do meu coração! - disse Margarida, com uma leve inflexão de ironia na voz, a qual os dois não perceberam, e continuou:

- Mas... é que não desconfio.

- Então?

- Conheço-o; e o que sei dele, como o que aprendi do seu, Sr. Daniel, levam-me a recusar.

- Quer dizer que me não pode amar?

- Sim... julgo que sim. Eu desconfio que nem tenho coração!

Eu sei lá! Não o sinto bater, pelo menos. Bem vê que não devo aceitar.

Adeus.

E, com um singular sorriso nos lábios, saiu da sala, onde ficaram os dois, atónitos e silenciosos.

Quem, naquele momento, pousasse a mão no coração de Margarida, como veria desmentidas as suas últimas palavras!





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